A pergunta não é mais se os provedores devem entrar no mercado de telefonia móvel, mas sim como e quando. A infraestrutura está pronta, o mercado está receptivo e a regulamentação é favorável.
Mais de 20.000 pequenos provedores de internet, arquitetos da maior e mais robusta infraestrutura de banda larga do país, têm a oportunidade de redefinir seu papel no mercado. Detendo mais de 60% dos acessos via fibra ótica, esses provedores iluminam cidades, vilas e povoados remotos. No entanto, apesar de sua presença capilar, esses atores participam com aproximadamente 17% do mercado total de telecomunicações, avaliado em US$ 37 bilhões.
Em 2022, o mercado de telefonia móvel no Brasil registrou um faturamento aproximado de R$ 74 bilhões — 40% do faturamento total de um setor dinâmico. Este domínio é mantido por grandes operadoras como Vivo, Claro, TIM, Algar Telecom e Sercomtel, ressaltando uma concentração de mercado.
Contrastando com essa centralização, o segmento de banda larga, correspondente a cerca de R$ 51,8 bilhões, é um mosaico composto por mais de 20 mil provedores. Esses provedores, majoritariamente Prestadoras de Pequeno Porte (PPPs), têm sido fundamentais na digitalização do Brasil, oferecendo acesso ao backbone em fibra óptica em muitos municípios onde são os únicos provedores.
A participação de mercado, embora pareça modesta com apenas 17% da receita distribuída entre 99,9% das empresas, oferece aos pequenos provedores uma oportunidade única de se destacarem. Este momento é crucial para nivelar fatores competitivos, como a disponibilidade de recursos técnicos e econômicos.
Regulação fundamental
Além disso, o papel da agência reguladora está sendo fundamental, pois regula de maneira inédita o acesso ao espectro, busca um equilíbrio de fornecimento através de ORPA (Oferta de referência Pública de Atacado), estimula contratos equitativos com operadoras de rede neutra (móvel) com todos os agentes do mercado, e simplifica processos regulatórios com a implementação do novo Plano Geral de Metas de Competição (PGMC) e o Regulamento de Uso Espectro (RUE). Essas medidas são essenciais para estabelecer uma competição justa e equilibrada no setor.
A Anatel, com sua visão pró-consumidor e de estímulo à competição, cria um ambiente favorável à inclusão de novos atores no mercado de telefonia móvel. Operadoras como a TIM, por exemplo, lideram o caminho com o maior número de Operadoras Móveis Virtuais (MVNOs) associadas, demonstrando que a parceria e a governança corporativa sólida são viáveis e benéficas. A inovação tecnológica permite uma integração sistêmica e comercial ágil, abrindo portas para que provedores, independente de seu tamanho, possam acessar as ferramentas necessárias para operar nesse mercado vibrante.
A pergunta não é mais se os provedores devem entrar no mercado de telefonia móvel, mas sim como e quando. A infraestrutura está pronta, o mercado está receptivo, e a regulamentação é favorável. Provedores de todos os tamanhos têm uma oportunidade única de se posicionar nesse cenário e contribuir para a construção de uma operação que redefine a telecomunicação no Brasil. A inércia não é uma opção quando o futuro conectado bate à porta — é hora de atender ao chamado e fazer parte da revolução móvel e sair da zona dos 17%.
*OBS sobre dados que levaram a essa conclusão:
Para calcular a participação efetiva dos provedores de internet no faturamento do mercado de telecomunicações no Brasil, com base nos dados fornecidos, podemos seguir os seguintes passos:
Mercado Total de Telecomunicações: US$ 37 bilhões.
Participação da Banda Larga: 28% do total.
Participação da Telefonia Móvel: 40% do total.
Market Share das Grandes Operadoras na Banda Larga: 40%.
Market Share de TIM, VIVO e CLARO na Telefonia Móvel: 99%.
Agora, vamos calcular a participação efetiva dos provedores de internet (assumindo que eles operam principalmente no segmento de banda larga):
Faturamento da Banda Larga: 28% de US$ 37 bilhões = US$ 10,36 bilhões.
Participação dos Provedores de Internet na Banda Larga: 100% – 40% (das grandes operadoras) = 60%.
Portanto, a participação efetiva dos provedores de internet no faturamento da banda larga seria:
Participação no Faturamento da Banda Larga: 60% de US$ 10,36 bilhões = US$ 6,216 bilhões.
Agora, vamos converter esse valor para reais, usando a taxa de câmbio aproximada de 5 reais por dólar:
Participação em Reais: US$ 6,216 bilhões
Fonte: Telesintese